O que a polarização pode fazer comigo



Olá, você.

Alguns de vocês já sabem que sou pesquisadora.

Minha última pesquisa durou um ano, acompanhando profissionais que trabalham em Digital (marketing digital, mídia e outros da área).

A pesquisa é sobre saúde mental, emocional e comportamental nas redes sociais.

A outra parte dessa pesquisa já foi publicada e, inclusive, participei de uma mesa no YouPIX do ano passado divulgando exatamente esses resultados. Mais de 70% dos profissionais sofre de algum desafio mental. Depressão, ansiedade, pânico ou burnout.

Em minha pesquisa atual, estou elaborando o perfil dos haters e sua saúde mental, incluindo fake news e suas consequências para a paz.

E pesquisador é assim, faz experimento, né? No domingo, publiquei aleatoriamente durante todo o dia 15 posts que eram apenas “compartilhados”, sem nenhuma opinião minha. Atenção a esse último detalhe. Eu, em nenhum momento, dizia se concordava ou descordava. Mesmo tema, com opiniões opostas.

Os temas escolhidos foram: religião, política e Greta. Claro que para fazer uma boa pesquisa leva pelo menos um ano, e para fazer uma pesquisa completa, três anos, mas vou te contar o balanço de ontem.

 

  1. Os haters foram exclusivamente do gênero masculino – fui agredida de muitas formas, com nomes e muita demonstração de ódio.
  2. Fui defendida pelo gênero masculino e feminino.
  3. Os mesmos haters se manifestaram agressivamente em compartilhamentos opostos. Ao fazer a pesquisa, tomamos o cuidado de colocar sempre o mesmo assunto com ideias opostas. Portanto, eles odeiam porque odeiam.
  4. De uma forma geral, eram brancos, entre 25 e 70 anos, com escolaridade média para cima.

 

Não tenho conclusão ainda, mas uma sugestão. Observem o caminho que a polarização está tomando.

Para minha conclusão da pesquisa, uma grande parte do estudo é sobre política internacional, militância política, redes sociais, incluindo WhatsApp e Telegram, e fake news e suas consequências na saúde mental, emocional e comportamental.

Uma das grandes estudiosas em estudos para a paz, violência e violência secundária, Lisa Schirch, prova que a militância política polarizada aceita a violência secundária e traz violência para o primeiro plano.

A violência secundária aplicada é feita para gerar reação imediata e estruturalmente atua na construção de pátrias violentas.

Inclusive, vocês viram isso na prática.

O que é conter e o que é produzir violência?

Estou contando para vocês o que estudos profundos sobre a paz trazem sobre a violência. O que me aconteceu pessoalmente foi um profundo trabalho interno para reconhecer os grupos que pertenço, como se manifestam e como geram a violência secundária.

Me afastei de onde não conseguia, de alguma maneira, perceber o desejo de mediação de conflito e desejo pela paz. Não há mediação onde o desejo é esconder entre palavras supostamente engraçadas a construção da violência.

Aos poucos, fui me aproximando de conflitos que geram o amadurecimento e me afastando da violência que gera a segregação.

Processos comunitários dialógicos conseguem produzir a paz e, assim, a dimensão humana é reconstruída.

A paz é um fio delicado que tece a trama de relações e nos tece como seres diversos e capazes de criar vínculos de compaixão.

Os convido a tecer uma vida que, em suas linhas sutis, vá substituindo palavras bélicas por compaixão.

A Grande Virada



Na virada do ano de 2019 pra 2020, eu escrevi esse texto. O que será que mudou na sua cabeça de lá para cá?

 

Que 2020 seja mais extraordinário que 2019.

Todo final de ano, já perto do Natal, fico pensando porque as pessoas se abraçam, pulam e se vestem de branco para a virada do ano.

Na minha opinião, a virada do ano deveria ser diária.

Pense bem. No Natal e final de ano, pessoas que nunca se viram, se viram pouco ou até mesmo se viram cotidianamente e não deram a menor importância umas para as outras, se beijam e se abraçam…

Pulam juntas, celebram, vestem a mesma cor de roupa, se sentem unidas pela festa e, no final das contas, passam o próximo ano sem ao menos ligarem umas para as outras para saber como anda a vida.

A grande virada está no dia-a-dia.

Tente fazer uma rotina diária que contemple a alegria da convivência.

Recebi este ano alguns e-mails perguntando exatamente sobre a ideia de contemplar uma vida feliz.

Como todo mundo, tenho meus altos e baixos e também me pego esquecendo de fazer a grande virada.

E ainda tem a frase de sempre que serve como promessa de Natal e Ano Novo:

VOU MUDAR DE VIDA.

 

Quantas vezes já ouvimos numa conversa ou outra alguém que mudou de vida?

Já ouvi casos de professoras de yoga que cansaram da vida tranquila e se tornaram grandes executivas, e já ouvi casos de grandes executivos que se cansaram e montaram uma pequena pousada numa praia qualquer.

Pois é. Neste mundo líquido, tudo se transforma rapidamente.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, define vida líquida como uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que o necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir.

A liquidez da vida e da sociedade se alimentam e se revigoram mutuamente. A vida líquida, assim como a sociedade, não consegue manter a forma ou permanecer em seu curso por muito tempo.

Em suma: a vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante. As preocupações mais intensas e obstinadas que assombram este tipo de vida são os temores de ser pego tirando uma soneca, não conseguir acompanhar a rapidez dos eventos, ficar para trás, deixar passar as datas de vencimento, ficar sobrecarregado de bens agora indesejáveis, perder o momento de que pede mudança e mudar de rumo antes de tomar um caminho sem volta.

A vida líquida é uma sucessão de reinícios, e precisamente por isso é que os finais rápidos e indolores, sem os quais reiniciar seria inimaginável, tendem a ser os momentos mais desafiadores e as dores de cabeça mais inquietantes.

Entre as artes da vida líquido-moderna e as habilidades necessárias para praticá-las, livrar-se das coisas tem prioridade em adquirir.

Para mim, além de tudo isso, mudar de vida ou fazer a grande virada passa também por uma rotina diária saudável que devemos seguir para que nosso corpo responda com alegria às nossas emoções.

Uma rotina diária começa na mente. Uma mente saudável é a porta de entrada para um corpo saudável, que é o nosso templo.

Um dia lindo começa com um sorriso, um agradecimento, um sonho e uma decisão: de fazer daquele dia o melhor dia de sua vida.

Se alimente corretamente, tenha consciência na hora da escolha de seu alimento. Procure se informar sobre as qualidades e características deste alimento. Procure comer apenas o suficiente, não sinta fome, mas também não sinta culpa pelo excesso. O suficiente é sempre a melhor medida.

Movimente-se, escolha algo que a faça sorrir, que lhe traga saúde e também alegria. Pratique Yoga, faça uma caminhada, escolha um esporte, encontre amigos.

Faça de seu trabalho seu verdadeiro ofício. Lembre-se: o melhor trabalho é aquele que escolhemos fazer. Faça escolhas, crie metas, mude rumos.

Esta é uma rotina saudável que nos faz lembrar que o dia pode terminar tão bem quanto começou.

E já que estamos no final do ano, não custa nada desejar – UMA LINDA E LONGA VIRADA DE VIDA.

 

(escrito por mim em 2012 e ainda considero pertinente e atual)

O conhecimento é poder?

O conhecimento é poder?

Na era do conhecimento, muitos ainda sofrem com sua escassez, não pela falta de fontes confiáveis, mas pela falta de hábito da pesquisa e interesse em saber como as coisas realmente são. Ou pelo menos, ultrapassar aquela linha tênue do consenso pela quantidade de curtir e compartilhar sem critério. O poder que era atribuído quase individualmente no início da era digital, como diferencial e vantagem competitiva, transformou-se na cultura dos movimentos de massa, em que o número de participantes influi diretamente na percepção dos usuários das redes. Não há categorias específicas para classificar a população com vida digital, pois além de humanos, há zumbis robóticos e algoritmos que enganam até sistemas sofisticados, que convivem com os tipos tradicionais que habitam as redes. Continue lendo “O conhecimento é poder?” »